O setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de uma empresa é o cerne da inovação. Local onde pulsam as novas ideias e os planos estratégicos para conceber produtos mais alinhados com a necessidade do mercado e com as exigências dos consumidores. Diante da necessidade de se criar, juntamente com os cuidados envolvidos nessa operação, surgem as necessidades da adoção de alguns procedimentos industriais que otimizam e certificam o trabalho de P&D. Estamos falando da aplicação de testes de bancada, de plantas-piloto e industriais. Todos esses procedimentos são base para a criação de produtos seguros e que tenham a qualidade esperada pelos gestores da empresa e pelo mercado consumidor. A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer mais sobre os testes mencionados acima e como eles são fundamentais para a Pesquisa e Desenvolvimento de produtos na indústria farmacêutica e em geral.
Considera-se teste de bancada aquele que utiliza equipamentos simples e bastante distantes da escala industrial. Falamos aqui de balanças, batedeiras, estufas, misturadores e outros equipamentos de pequeno porte, porém devidamente qualificados.
Não é porque um teste é realizado em Planta-piloto que ele deixa de ser “de bancada”. Para o desenvolvimento de “Protótipos”, utilizamos uma planta-piloto – porém a maioria dos testes é realizada no nível de bancada.
É importante observar a escala do teste: se a quantidade de matérias-primas empregada for dezenas ou até milhares de vezes inferior a uma produção industrial, estamos em frente a um teste de bancada.
Esse tipo de análise serve para conferir a estabilidade do produto e se há mudanças na funcionalidade quando a escala de produção está próxima do máximo e como ele se comporta em casos extremos ou emergenciais na linha de produção.
Protótipos rápidos:
Toda “prototipação” faz parte do design, e quanto mais rápido e barato for o protótipo, melhor. Valoriza-se, nesta época de experimentação constante, a velocidade com que a inovação chega até o usuário – afinal é ele, e somente ele, que é capaz de definir se o caminho tomado pela empresa está correto. É uma visão muito diferente de levar 3 anos desenvolvendo um produto e construindo uma fábrica para produzi-lo, para só então fazer o lançamento de um produto, quando só então o usuário poderá dizer algo a respeito dele ! Isso não faz muito sentido! Considerando este ponto de vista, os testes de bancada são ideais para fazermos os primeiros protótipos, mais simples, que nos ajudem a visualizar o que havia sido conceituado no briefing. Como sugestão, inclusive, mesmo antes do briefing ser preenchido e um projeto completo de P&D ser iniciado, devemos testar em bancada a viabilidade do projeto ou da idéia. Hoje, aproveitando de nossa maior experiência, sugerimos protótipos – e não só ideias – para as mesas de reunião com nossos clientes, onde propomos diretrizes e traçamos estratégias conjuntas para cada caso de um projeto.
Ajustes de Formulação Iniciais:
Num teste simples de bancada, já é possível perceber necessidades de ajuste da formulação, ajustes de características físicas e até mesmo químicas, entre outras, que já são facilmente determinadas por estes primeiros testes de bancada que acontecem em escala diminuta e, assim, evitam que se gaste demais em matérias-primas ou em fórmulas desbalanceadas.
Observação de Funcionalidades básicas:
Considerando como funcionalidades, já conseguimos prever o que o produto tem como características básicas. Nos testes de bancada já é possível perceber uma boa gama destas funcionalidades, o que faz com que permaneçamos neste nível de testes por uma parte significativa do trabalho de desenvolvimento. Só iremos para o próximo nível quando tivermos certeza de que alcançamos um produto com as funcionalidades básicas adequadas ao projeto. Equipamentos de pequena escala não definem exatamente um possível processo industrial, porque estão ainda distantes dessa realidade. Há toda uma ciência por trás do scale-up de processos. Mas os testes de bancada nos trarão informações valiosas e, usando dessa experiência, criatividade e capacidade de observação, poderão inferir como o produto se comportará num futuro processo de produção industrial. Um projeto industrial de sucesso deve passar sempre por um bom planejamento, um adequado projeto de desenvolvimento, ser feito em áreas adequadas, através de profissionais especializados. E os desenvolvimentos em bancada em plantas-piloto são, sem dúvida nenhuma, uma ferramenta imprescindível para o nascimento de um produto de sucesso!
Os testes realizados em planta-piloto diferem dos testes de bancada por um fator bastante importante: eles reproduzem, mesmo que em escala reduzida, a produção e os processos envolvidos nela, assim como as ferramentas utilizadas.
Resumindo: é como se fosse feita uma espécie de “maquete” do modelo de produção, no qual os especialistas analisam como o produto se comporta dentro deste processo.
Atenção: os testes em planta-piloto demandam o uso de equipamentos e processos semelhantes, portanto, não se trata apenas de um teste de bancada mais produzido.
Para ser considerado um teste de planta-piloto, é necessário reduzir a escala, porém, sem grandes desvios na forma de produzir. Os principais ganhos que a empresa tem com os testes em planta-piloto são:
Refino e definição de processos:
Ao utilizar um simulacro da produção industrial, a empresa pode avaliar como estão definidos os processos de produção e se há ajustes a serem feitos para otimizar a cadeia de produção.
A planta-piloto concede flexibilidade de teste para as condições de processo e o impacto deles nas funcionalidades básicas do produto.
“Estresse do produto”:
Com a reprodução do modelo industrial, a empresa pode averiguar a capacidade de estresse do produto, ou seja, as condições de produção quando os processos estão próximos ao seu limite. Esse tipo de análise serve para conferir a estabilidade do produto e se há mudanças na funcionalidade quando a escala de produção está próxima do máximo e como ele se comporta em casos extremos ou emergenciais na linha de produção.
Realização de testes em protótipos mais desenvolvidos:
Se a bancada é lugar ideal para testes em protótipos que estão engatinhando em sua concepção, a planta-piloto permite o teste para protótipos em avançado teste de produção. Já são englobadas todas ou quase todas as funcionalidades esperadas no produto, o que ajuda a ampliar o realismo envolvido nos testes. Vai ser na análise da planta piloto que a equipe de P&D poderá analisar a viabilidade do projeto em todas as suas esferas.
Análise de funcionalidades estendidas:
Já que a planta-piloto está próxima da realidade industrial, os testes realizados ali também funcionam para averiguar as funcionalidades estendidas do produto em análise.
Pode-se testar se haverá problemas como separação de fase, mudança de textura após alguns dias, processabilidade de ingredientes da formulação, análise de aditivos e avaliações sensoriais, entre outras.
É possível realizar diversos testes, tudo vai depender dos aspectos que a empresa pretende analisar antes de dar o próximo passo, que são os testes industriais.
Por fim, temos os testes industriais. Na progressão lógica dos testes de P&D, fica evidente que esse teste se trata de uma análise realizada com as mesmas condições de produção em larga escala. Aqui, saem de cenas os simulacros e análises mais rasas para dar lugar à um teste mais preciso. A precisão é a palavra de ordem no teste industrial, afinal, o que os pesquisadores querem é saber a real condição do produto durante o processo completo de produção. O teste industrial precisa ser grande o suficiente para reproduzir a realidade, portanto, costumam ser procedimentos mais custosos para a empresa. Apesar de ter um custo elevado, é necessário fazer esse teste, em muitos casos será necessário mais de um teste industrial para obter a precisão analítica desejada.
Para ser considerado um teste de planta-piloto, é necessário reduzir a escala, porém, sem grandes desvios na forma de produzir. Os principais ganhos que a empresa tem com os testes em planta-piloto são:
Maior definição de processos:
O nível de detalhamento dos processos de produção é amplo nos testes industriais. Por serem a simulação mais verossímil que a empresa realiza, fica bem claro quais são os processos adotados e seus impactos.
Avaliação Completa das Funcionalidades:
O teste industrial vai permitir que a empresa tire as dúvidas finais e faça seu veredito sobre as funcionalidades do produto e como elas se comportam na linha de produção.
Testes de Shelf-Life:
Os testes de Shelf-Life têm como finalidade analisar como o produto se comporta nas condições esperadas para as prateleiras, ou seja, após finalizado todo o processo de produção. Ele permite análise precisa de vida útil do produto, assim como seu índice de deterioração e quais as alterações sofridas nas principais funcionalidades do produto.
Todos esses testes visam apenas um objetivo: criar um produto de qualidade. O mercado clama por produtos seguros, saudáveis, confiáveis e que supram suas necessidades de consumo. Os testes são parte indexável do processo de produção, portanto, é fundamental para qualquer profissional de P&D saber quais são os tipos de testes, como é feita sua condução e quais são os critérios analíticos envolvidos nesta demanda.